Brasil é maior alvo de ameaças para Android na América Latina

Durante o segundo dia do fórum anual de segurança da informática promovido pela ESET, o especialista Daniel Cunha Barbosa, pesquisador de segurança da ESET Brasil fez uma entrevista. Ele explicou um pouco dos desafios que nosso país enfrenta para se proteger das ameaças virtuais, e também comentou sobre padrões que vêm sendo vistos em ataques detectados nos últimos anos.

De uma forma geral, apesar de seguir muitas das tendências vistas tanto dentro da América Latina quanto a nível global, o Brasil possui um perfil particular que o torna alvo de ameaças mais específicas em relação aos países vizinhos.

Terceiro em trojans, primeiro em ameaças para Android

O Brasil sempre foi um alvo muito visado para criminosos que fazem uso de trojan para coletar dados sensíveis de suas vítimas, figurando como o país com mais detecções em vários relatórios nos últimos anos. Pelo visto, porém, a situação melhorou um pouco por aqui, pois segundo os dados divulgados o Brasil está agora na terceira colocação deste ranking ingrato, representando 7,5% de todas as detecções do mundo relacionadas a trojans entre os meses de janeiro e setembro de 2022.

Ainda que tenha ficado atrás de México (10,6%) e Turquia (8,6%), o país se mostrou muito vulnerável especialmente no que diz respeito a dispositivos com Windows, e mais de 29 mil variantes do trojan vb.osk foram encontradas.

Além disso, o especialista falou sobre o número cada vez maior de dispositivos Android infectados no Brasil, que já assume a liderança na América Latina com 28,7% das ameaças detectadas em 2022, superando o México, responsável por 27,3% dos alertas. Os principais meios de contaminação são por aplicativos instalados de fora da loja oficial, e geralmente são usados trojans bancários para a captação de dados sensíveis dos usuários.

Daniel também citou sobre a preocupação com o aumento do Ransomware as a Service (RaaS) no Brasil, onde pessoas muitas vezes sem qualquer conhecimento técnico contratam o serviço de ransomware e infectam empresas ou pessoas de seu ciclo social/profissional para pedir resgate pelos dados, angariando valores milionários com isso a custos baixíssimos.

Por fim, Daniel comentou sobre o aumento dos números de fake news no Brasil e como isso vem ajudando a infectar dispositivos, já que sites usados para disseminar informação falsa são alvos fáceis para uso de banners maliciosos. Além disso, algo que pode se tornar cada vez mais comum e perigoso são os golpes envolvendo deepfake (rostos alterados digitalmente) e deepvoice (vozes alteradas digitalmente), por mais que ainda seja algo fora da realidade brasileira pelo foco maior em países falantes da língua inglesa.